sábado, 27 de agosto de 2011

O DÉBUT DE ANA CAROLINA NA ARGENTINA


A cantora, compositora e instrumentista brasileira Ana Carolina fez a seu début em Buenos Aires com um único show, onde ela fez uma retrospectiva dos mais de 10 anos de carreira e apresentou algumas das canções de seu mais recente álbum "N9ve".

Durante o show, para mais de 2.500 pessoas, Ana Carolina afirmou que estava muito feliz por estar na Argentina cantando e convidou todos para cantarem com ela.


Acompanhada por quatro músicos, ela abriu seu espetáculo na noite de quinta - feira, no teatro Gran Rex, com a canção "10 Minutos", seguida por "Hoje eu tô sozinha".


Durante o show Ana Carolina tocou guitarra, baixo, pandeiro, e cantou um repertório que foi caracterizado por uma mistura de baladas, pop, rock e samba. Depois de cantar "Dois Bicudos" e "Carvão", Ana em solo no baixo tocou "Azul". A brasileira emendou com "Força Estranha" e "Quem de nós Dois", uma versão em português do sucesso italiano "La mia storia Tra le dita" de Gianluca Grignani que está incluída no segundo álbum da cantora "Ana Rita Joana Iracema e Carolina." 


A cantora se despediu do público cantando "Rosas" e "Elevador".


Uma estréia demasiadamente postergada


Embora sua carreira de onze anos leve a mais de cinco milhões de álbuns vendidos, a cantora e compositora Ana Carolina, nascida em Minas Gerais, nunca tinha posto os pés em solos argentinos. O que vai mudar esta noite, quando ela apresenta o show do seu último álbum N9ve no Gran Rex.


Por Karina Micheletto


Ana Carolina, carrega consigo onze anos de carreira, nove discos lançados, sucessos como o de 2005, quando vendeu mais de um milhão de cópias só com o disco Ana & Jorge (gravado com seu parceiro, Seu Jorge), e cifras globais que figuram nos cinco milhões de vendas. No entanto, hoje será a primeira vez que a cantora se apresenta na Argentina, um país tão receptivo à Música Popular Brasileira, incluindo seus novos talentos. Será hoje, às 21.30 no Teatro Gran Rex, o cenário que a cantora nascida em Minas Gerais se apresentará e celebra à medida que vai escutando a narrativa de histórias, características, e os simbolismos da rua onde ela se hospeda. "Sério? Que legal! Estou feliz!".


"Na verdade eu não sei exatamente responder à pergunta do porquê levei tanto tempo para vir aqui", diz Ana Carolina. "Por muito tempo na minha carreira eu me mantive presente nos estados brasileiros e, desde 2001, quando eu comecei a me apresentar fora do país, as rotas eram sempre para a Europa ou Estados Unidos. Então, eu não sei por que só agora estou vindo à Argentina... O que eu sei é que me dá uma felicidade imensa e que a expectativa é grande..."


- Por alguma coisa em especial?

"Bem, vocês tem fama como público. Um músico da minha banda, o Marcelo Castro da Costa (bateirista e percussionista) já esteve aqui tocando com Caetano, e ele me deixou louca contando sobre o público argentino. Ele diz que é o melhor público do mundo porque é muito calmo e quieto enquanto você canta, e quando você termina, te aplaudem e gritam maravilhosamente. Então, eu estou louca para conhecer o melhor público do mundo".

Foi em seu primeiro show no Rio de Janeiro, quando tinha deixado para trás a faculdade de letras e decidido que queria ser cantora, que Luciana de Moraes (filha de Vinícius de Moraes) "descobriu" Ana Carolina . "Ela assistiu esse primeiro show e me perguntou se eu tinha algo gravado para mostrar à BMG. Dois dias depois, eles estavam me contratando." Então, ela gravou seu primeiro álbum, que leva seu nome e resgata velhos clássicos da MPB, além de a revelar como compositora. Isso foi em 1999 e em 2009, para o aniversário redondo de sua carreira, fixou - se em um número significativo, o nove. "Eu percebi que tinha nove canções em um álbum que comemorava a minha carreira entre 99 e 2009. Nasci no dia 9 do mês 9... E sim, eu sou neurótica por este número", diz. Seu último álbum se chama N9ve, e várias dessas canções serão apresentadas hoje no Gran Rex.


- Nesse álbum você canta com artistas de outros países: Esperanza Spalding, John Legend e Chiara Civello. Como você chegou até eles?

"Como uma fã absoluta de cada um deles. Minha empresária me disse: "Bem, Ana, agora que você está fechando um ciclo importante, 10 anos de carreira, o que você gostaria de fazer?". E eu disse que queria cantar com todas as pessoas que me encantam. Essas foram as três pessoas que eu pensei. Foi muito importante para mim naquele momento."

- E depois, em 9 + 1, você canta com colegas como Maria Bethânia, Seu Jorge, Zizi Possi e Gilberto Gil. Com Gil fez uma canção composta em parceria, como foi esta colaboração?

"Maravilhoso! Eu havia feito a melodia desse samba, e eu imediatamente pensei que poderia ter uma letra do Gil, era para ele. Mas eu demorei três meses para enviá - la, por vergonha, eu sou muito tímida. Quando eu tomei coragem, ele me enviou de volta em dois dias a canção com a letra."

- Seu álbum DOIS QUARTOS recebeu um selo de advertência como desaconselhado para menores de 18 anos, por conter "letras inapropriadas". Você acha que era razão para tanto?

"Bem, foi um disco complicado!, que dizia coisas bem pesadas... Tinha músicas como "Eu Comi a Madona", ou "Cantinho", que fala do orgão sexual masculino."

O que era tão grave?

"Eu não sei exatamente, mas eu entendo que não queiram que crianças escutem certas coisas. Eu também entendo que para vocês, isso é estranho, porque no seu país, não existem tarjas de advertência. No Brasil isso é normal."

- É também notável que em todas as suas biografias mencionem que você disse que é bissexual e a revolução que isso causou no Brasil. Você acha que isso a define como artista?

"Geralmente os artistas não falam muito sobre sua vida privada, incluindo a sua sexualidade, evitam este assunto, e eu nunca tive qualquer problema com a minha privacidade. Em suma, não é um problema para mim falar sobre a minha sexualidade em público. E assim uma vez em uma entrevista fiz um comentário de passagem, agora vou buscar a minha namorada, algo assim. O jornalista se interessou e queria saber mais, pois poderia ajudar muitas meninas que têm uma preferência sexual diferente a se abrir e seria um alívio saber que alguém famoso diz isso abertamente. Não me opus a isso, mas ao mesmo tempo não me senti levantando uma bandeira para uma causa. Foi uma coisa muito casual."

- E você acha que ajudou?

"Acredito que sim. Acho que se eu tenho ajudado muitas garotas, muitas adolescentes que querem viver a sua relação com liberdade e têm medo do que seus pais podem dizer ou a própria sociedade. Não tem a força para dizer "Eu sou assim e sou feliz com isso." E é isso que eu digo."

FONTE: Ansalatina.com/ El refugio de los musicos.