Rio -
Já faz um tempo que os discos de ouro que decoram as paredes da casa
de Ana Carolina dividem espaço com telas pintadas pela cantora. É um
talento que muita gente ainda desconhece, mas que tem preenchido cada
vez mais a vida da compositora e multi-instrumentista. Ao receber O DIA
em sua casa, que fica bem ao lado da do empresário Eike Batista, com
vista para o Cristo e a Lagoa
na frente e para o Pão de Açúcar nos fundos, a mineira de 37 anos abriu
mais uma brecha de seu infinito particular, deixando bem claro que, por
trás da fama de durona e do sucesso, há outros tons que colorem sua
vida. São essas tintas que dão pinta, hoje e amanhã, no show ‘Ensaio de
Cores’, no Vivo Rio, que virou DVD.
“O projeto do show é consequência da pintura. No começo, eu faria apenas dois shows, um no Rio e outro em São Paulo,
mas foi crescendo. Eu tive muito receio. Sou cantora de sucesso, muito
conhecida. Começar com ‘Rai das Cores’, de Caetano Veloso? Mas é que eu
queria encontrar canções que conectassem as cores às telas. Então veio
‘Azul’, do Djavan, ‘Todas Elas Juntas num Só Ser’, do Lenine (e de
Carlos Rennó)...”, conta Ana Carolina, que já chegou a ter 40 quadros em
sua casa.
Mais do que divulgar essa outra faceta, a intenção da cantora e pintora
é se solidarizar com quem sofre de diabetes — doença que descobriu ser
portadora aos 16 anos —, já que seus quadros, que também aparecem em
projeções no palco, ficam expostos no foyer dos espaços onde ela se
apresenta. “Só faço o show para essa brincadeira de vender os quadros.
Parte da renda é revertida para a Associação de Diabetes Juvenil (ADJ).
Criei para isso”, revela Ana Carolina, toda orgulhosa.
Quando descobriu o diabetes, ela mudou totalmente de vida. “Não tive opção, tinha que ser forte. Não é fácil
fazer o controle das taxas de glicose. Eu me espeto sete vezes por dia,
só ando com uma bolsinha. Isso hoje em dia. Porque eu também já fui
duranga nessa vida e era tudo mais difícil. Às vezes, fico hipoglicêmica
(com pouco açúcar no sangue) no meio do show. Levo glicose líquida, é
tipo um melzinho que chupo enquanto converso com a plateia”,
confidencia.
Mas nada disso limita a performance de Ana e sua banda de mulheres,
formada por Délia Fischer (piano), Gretel Paganini (violoncelo) e
Lanlan (percussão), no palco. “Queria estar com três meninas no palco.
Assim me sinto a vocalista de uma banda. Queria fica mais perto do
público, sem a pretensão de fazer algo megaproduzido, como os shows
‘Dois Quartos’ e ‘Nove’”, conta ela, que, é claro, vai fazer a alegria
dos fãs com hits como ‘Eu Comi a Madona’ e ‘Cabide’. “Meu técnico de som
bota a guitarra no talo. O público adora”, conta.
‘GARGANTA’ E TONY BENNETT
Desde que estourou em 1999, com o hit ‘Garganta’, Ana Carolina se
mostrou uma verdadeira fábrica de hits. Ela emplacou nos últimos 13 anos
nada menos que 18 músicas em trilhas de novela. ‘Simplesmente
Aconteceu’, que está no show de ‘Ensaio de Cores’, já foi reservada para
a próxima novela das 19h, ‘Guerra dos Sexos’, de Silvio de Abreu.
E não para por aí. A cantora acaba de ser convidada para gravar ao lado
de ninguém menos que Tony Bennett — e passará a integrar o rol de vozes
femininas que inclui Amy Winehouse, Liza Minelli e Lady Gaga. “Estou
superansiosa e superfeliz! Adorei esse disco recente dele, o ‘Duets II’,
em que canta com Amy Winehouse. Foi a última música que ela gravou. O
Tony quer fazer o próximo CD só com cantoras da América Latina. É
demais!”, conta Ana Carolina, em êxtase.
O convite parece ser a cereja do bolo para a cantora e compositora, que
iniciou a carreira tocando em bares de sua cidade, Juiz de Fora.
“Comecei a tocar sozinha, com 16 anos. Mentia que tinha 18. Já queria
ganhar meu troco. Lembro que toquei por uns sete meses ‘Garganta’ na
noite. Eu cantava músicas minhas e as pessoas cagavam. Até que me
chamaram para cantar no Hipódromo Up, na Gávea. Aí veio a Cássia Eller, o
Ezequiel Neves. Lembro que a Zezé Motta me ajudou. E rolou uma disputa.
De repente, eu tinha um contrato e ganhei um adiantamento”, lembra Ana
Carolina.
Até então, ela nunca tinha andado de avião. “Eu não sabia nada da vida.
Era uma menina de Juiz de Fora. Eu tremia de medo. Mal sabia que aquele
voo de Juiz de Fora para o Rio seria o primeiro de muitos”, conta ela,
que se preocupa em manter o sucesso. “As pessoas esperam muito de você”,
diz a cantora.
Fonte: http://odia.ig.com.br