segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Apenas mulheres tocam no novo disco de Ana Carolina, inspirado em pinturas

A voz potente e grave de Ana Carolina se rendeu a outros ritmos no CD Ensaio de cores. Duas palavras definem bem o novo trabalho da cantora: miscigenação musical. Em 14 faixas, as canções vão da MPB romântica ao hip-hop e ao samba. Mas as misturas não são apenas as de gênero, a produção é uma conjunção entre música e pintura.

Todo o repertório foi escolhido para casar com o projeto. Até mesmo regravação de Carvão tem relação direta com as artes. “Quando eu comecei a fazer os primeiros exercícios com uma artista plástica, a primeira coisa que ela pediu para eu fazer como exercício era pintar com carvão em cima de várias folhas. Lógico, isso ficou na minha cabeça”, lembra a cantora.

Apesar de não se considerar uma pintora, Ana Carolina teve a ideia de preparar o novo disco a partir das telas que criou. “Chegar a Ensaio de cores foi uma coisa complicada, porque a pintura é uma atividade muito informal da minha parte. Eu não gostaria de me considerar uma pintora, ter esse peso sobre mim. Apesar de eu pintar bastante e de maneira intensa, me entregar totalmente, eu acho que a o nome Ensaio de cores fala um pouco com a música, a própria palavra ensaio é uma coisa que tem muito dentro do universo musical”.

É tanta sinestesia, tanta mistura entre cor e som que Ana Carolina considera que algumas canções foram pintadas. Três músicas em especial resumem bem o álbum e a relação entre as canções e as pinturas: As telas e elas, composição de Ana Carolina; Rai das cores, de Caetano Veloso; e Azul, de Djavan.

O mais feminino de todos os CDs de Ana Carolina foi criado com um grupo formado exclusivamente por mulheres. “Gravei Todas elas juntas num só ser, do Lenine, porque achei que tinha tudo a ver com a banda feminina; O violão fala da criação do primeiro instrumento inspirado no corpo da mulher. Eu decidi montar essa banda feminina porque queria tocar só com mulheres mesmo. É lógico que o pensamento foi simples, mas o resultado não. Porque, no palco, eu descobri muitas coisas tocando só com mulheres. A intensidade em todos os lugares, a delicadeza”.

Caetano


Depois de participar do show Elas cantam Roberto e interpretar Força estranha, de Caetano Veloso, Ana Carolina se apaixonou pela canção. “Foi muito legal para mim, eu amo essa música, estava na hora de colocar no meu show. Eu acho um arraso, uma obra de arte.”

Ela não é sambista, mas se saiu muito bem nos dois sambas que gravou. Pra tomar três, composta em conjunto com Edu Krieger; e Stereo, feita com Antônio Villeroy, têm a receita para animar o público. “Pra tomar três era uma música que eu tinha no bolso e que tem muita cara de show, até pela própria atmosfera, um jeito meio ‘boêmia, aqui me tens de regresso’”, brinca. “E Stereo eu resolvi incluir no disco porque estava tocando muito nas rádios, inclusive AM. Foi aí que Lan Lan (baterista) fez aquilo que ela chama de maculelê de boca, uma percussão vocal, ficou pesadão.”

Ao contrário do último CD, Multishow Ana Carolina Nove, Ensaio de cores não tem participações especiais. “O projeto é diferente. O Nove era o momento em que eu estava comemorando 10 anos de carreira, eu queria cantar com as pessoas que eu admirava. Cantei com John Legend, com Esperanza Spalding, com Chiara Civello. Aquele foi o momento específico. Ensaio de cores é como se a gente fosse uma banda e eu fosse a vocalista”.

  Fonte:Diário de Pernambuco